Reabilitação de moradia I

A casa em questão situa-se numa parcela de terreno na Abegoa, desfrutando de uma vista privilegiada sobre a escarpa nordeste de Marvão.

Trata-se de uma habitação com diferentes níveis e alturas, adaptando-se ao terreno e às funções específicas de cada espaço. Por exemplo, o piso térreo, de pé-direito baixo, era originalmente destinado aos animais, enquanto a habitação propriamente dita se desenvolvia acima deste, dividida por largas paredes de pedra que suportam a cobertura.

Com coberturas em diferentes alturas, os espaços contornam as rochas e as características do terreno, resultando numa volumetria compacta, intimamente ligada ao solo.

Pretende-se manter a forma distintiva da casa, preservando todos os seus limites exteriores e características originais. Não se prevê levantar paredes ou alterar as alturas das fachadas, de forma a manter a singularidade da volumetria existente.

A intervenção concentra-se principalmente em ajustes internos para criar um único piso funcional, embora algumas áreas contenham degraus não destinados ao uso diário. No interior, a intenção é preservar a maioria das paredes existentes, mantendo a estrutura e a sensação de espaço.

Será eliminado o piso térreo dos animais, criando um único nível com uma laje sanitária para afastá-lo do terreno e das suas características adversas.

Os espaços, com pé-direito até à cobertura, serão adaptados de acordo com as necessidades do cliente, cumprindo todas as normas legais e de acessibilidade.

No exterior, os vãos existentes serão mantidos para manter a iluminação e ventilação naturais, sem comprometer a fachada ou os seus alçados. A abertura proposta virada para a escarpa de Marvão permitirá a apreciação da vista deslumbrante da vila e do castelo.

Além disso, será construído um tanque alinhado com esta abertura para introduzir o elemento água no espaço exterior, valorizando a envolvente.

A intervenção proposta visa valorizar o património existente, respeitando os princípios da arquitetura vernacular alentejana. Serão utilizados materiais tradicionais, como telha de canudo para as coberturas, argamassas à base de cal para as paredes e caixilharias em alumínio lacado a branco.

As fachadas serão pintadas de branco, e os pavimentos circundantes serão revestidos com tijoleira artesanal rectangular, escolhida durante a obra.